domingo, 23 de dezembro de 2012

Deputado de Fibra e coragem!!!!



O DESABAFO DE UM DEPUTADO SOLITÁRIO
Único membro do PRB e defensor dos interesses corporativistas da Polícia Militar na Assembleia Legislativa, Major Araújo abandona a base governista e cerra fileiras na bancada de oposição.

DM.COM.BR - GUILHERME ROSSINY

Eleito com 33.093 votos em 2010, cuja maioria esmagadora tem origem nas polícias Militar, Civil e Bombeiro Militar, o deputado Major Araújo, representante isolado do PRB na Assembleia Legislativa, sentiu-se solitário e abandonado pelo governo Marconi. De imediato, deixou a base aliada e migrou para a oposição. O PRB participa da administração estadual.

Júnio Alves Araújo, conhecido como Major Araújo, é presidente reeleito da Associação dos Oficiais da Polícia e Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (Assof), desde 2005. Liderou a comissão integrada, pelas associações militares, que negociou com o governo Marconi a aprovação do Plano de Carreira de sua categoria e o regime de subsídio como nova forma de remunerar os militares goianos.

Major Araújo ficou na suplência de vereador de Goiânia em 2008 e assumiu, por dois meses, o cargo de vereador na Capital, sendo eleito deputado estadual em 2010. Esta foi a segunda vez que tentou se eleger deputado estadual.

Major Araújo, que tem 32 anos de idade e na reserva remunerada da Polícia Militar, disse que não compensa mais carregar o “ônus” de ser governista, onde, segundo ele, sofre desgastes, já que são reivindicações em benefício dos policiais militares e não são atendidas pelo Palácio das Esmeraldas.

A gota d'água que levou o deputado a abandonar a base marconista foi o projeto que amplia o efetivo da Polícia Militar de Goiás, quando nenhuma das emendas apresentadas pelo deputado Major Araújo foi acatada pelo Palácio das Esmeraldas. “Ao não acatar nenhuma de minhas propostas, o governador Marconi Perillo deixou claro que fazia um convite para me ver fora da base de sustentação de seu governo na Assembleia Legislativa.”

Major Araújo, mesmo convidado, não compareceu ao almoço de confraternização do governador com os deputados estaduais, federais e senadores, semana passada.

Em entrevista ao DM, o deputado foi enfático: “A minha permanência na base aliada ficou incompatível a partir do momento em que percebi que havia uma intenção deliberada das forças governistas de me desgastar, pois minhas propostas, em favor dos servidores públicos, eram rejeitadas.”

Ressentido, o deputado diz, abertamente, ter feito, nesses dois anos de mandato, “papel de palhaço”, ao votar projetos de interesses do Palácio das Esmeraldas, sem ter uma emenda ou projeto qualquer que beneficie os policiais militares ser atendido pelo governo. “A verdade é que se paga um preço alto para pertencer ao bloco que apoia o governo, sem receber qualquer retorno que possa preservar a relação do parlamentar que os segmentos que o apoia, no meu caso, os servidores públicos.”

Major Araújo deixa claro que, ao sentar-se, a partir de agora, ao lado dos deputados do PMDB e PT, não terá compromisso automático com esses partidos. “Vou para a oposição para cobrar do governo Marconi os compromissos administrativos não cumpridos com os servidores, principalmente os policiais. Com o PMDB e PT, terei compromissos com as matérias administrativas e não alinhamento partidário.” Ele anuncia que vai integrar a “bancada” da segurança pública. “Esta é e será sempre a minha bandeira de trabalho.”

Desde o início, o deputado diz que fez jogo aberto com o governador. “Fico na base do governo, mas não voto contra os servidores estaduais”, disse, taxativo, Major Araújo a Marconi Perillo, em audiência no Palácio das Esmeraldas, logo após a posse em 2011.

O parlamentar diz que, por coerência e lealdade aos seus eleitores, majoritariamente servidores públicos, votou, na Assembleia Legislativa, a favor dos professores, dos profissionais da saúde e, claro, dos policiais militares, civis e corpo de bombeiros, cujo comportamento, segundo ele, provocou desgastes na relação com o governo estadual.

O deputado Major Araújo não esconde sua decepção com o tratamento político que recebeu do governador Marconi Perillo nesses dois anos de mandato. “O governador não cumpriu os compromissos firmados comigo. É um sentido de decepção, de frustração, pois abracei com entusiasmo a campanha de Marconi Perillo em 2010.”

O deputado revela que existem 21 pessoas em cargos comissionados indicados por ele e que caberá ao governo decidir sobre a permanência ou não desses servidores. “São pessoas que estão trabalhando, dando o máximo de si. Mas não serei refém de um governo por causa de cargos comissionados.”

Ao DM, o líder do governo, deputado Hélio de Sousa, lamentou o desligamento do Major Araújo da base aliada, mas reconheceu que, por ser um parlamentar que tem sua atuação política focada na defesa dos interesses dos servidores públicos, estava em situação delicada, a partir do instante que seus pleitos não eram plenamente atendidos. “Lamento a saída do deputado Major Araújo da base governista, mas reconheço suas razões políticas para agir assim.”

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