domingo, 1 de janeiro de 2012

Mensagem de um policial militar capixaba injustiçado


Passei uma temporada de férias forçadas em um lugar onde o tempo não passa, a cerca tem arames e os pensamentos procuravam uma razão pra aquilo tudo. Nos primeiros dias eu confesso que fiquei um pouco “sismado”, vi que tinha virado celebridade, pois meu nome e de meus colegas aparecia em todo pedaço de papel e estava na boca dos “homim” que falam as notícias na televisão. 

Eu via a vida passando por trás de um “código de barras”, vi a temida casinha branca, que na verdade é verde, fiz um “curso de leão” e assim descobri o significado da frase: “soldado é igual leão em cima da carne”. Passaram alguns dias e descobri o que eu tinha feito, ou melhor, que eu tinha que responder uma coisa que alguém disse que eu tinha feito. Confuso? Eu também achei.

No auge do problema e com a minha vida de pernas para o ar pensei que os meus amigos estariam acreditando na mídia e seus organogramas que nunca existiu. Pensei que eles iriam sumir ou se afastar. Fui fazer a minha prova de processo sob escolta reforçada, afinal agora eu era perigoso e não mais um caipira que vive nas estradas conciliando trabalho honesto e os estudos. E os amigos? Eu já imaginava ver olhos assustados e algumas meninas com medo do fruto da mídia. Mas muito pelo contrário. Recebi o abraço de um amigo logo na entrada e após entrar na sala vi formar uma roda de meninos, meninas e professor, todos ao meu lado me falando de seus sentimentos e alguns com os olhos molhados de emoção. Ouviram atentos à minha explicação do fato que eu nem sabia que existia e foram mais uma vez amigos. Recebi carinho, ajuda, abraços e palavras de motivação. 

Nas visitas eu recebia as mensagens do meu facebook impressas e vi que meus amigos não se afastaram em nenhum momento, muito pelo contrário, vi que eles se uniram para me ajudar. Os colegas da faculdade em contato com os colegas de farda, os capixabas com os mineiros e cariocas, foi uma mistura de amizade, uma aliança que eu nunca pensava que poderia existir. Minhas visitas eram as mais numerosas, faltou espaço pra tanta gente, muitos tiveram que voltar, pena. A felicidade era demais que eu me esquecia dos problemas e ficava sorrindo e brincando, tive visita de muitos e sei que muitos queriam ter ido, mas sei também que nem todos podiam e também não liguem pra isso, lá é lugar de sair e não de entrar. Alguns estavam mais preocupados que eu e esses eu tive que consolar, não vou falar que é o Gilson pra não ficar feio.

Mas amigos... fiquem felizes, acreditem na verdade, eu sou o que vocês conhecem e não o que venderam nas bancas e passaram na TV. Nesse período de tempo eu aprendi muito sobre muitas coisas. Aprendi um pouco sobre Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo, esta trindade nunca me deixou sozinho. Deus me deu a mão, me consolou e me ensinou a caminhar sempre instruído por seu Espírito Santo maravilhoso. Aprendi a quebrar certos preconceitos, aprendi que tenho amigos que se sacrificam por mim, aprendi que a minha família é muito importante pra mim, aprendi que tenho algumas unidades de inimigos e que tenho algumas dezenas de amigos. Aprendi que Deus é o nosso advogado fiel e que o seu alvará não é contestado por ninguém. Termino este amontoado de letras agradecendo a todos os que pensaram, oraram, me respeitaram e a oportunidade que Deus me deu de poder amar você, meu irmão, que está lendo esta mensagem.

Vinicius Rosa de Almeida é Policial Militar e serve no 14º BPM e foi preso injustamente no dia 1º de dezembro em Iúna. Os demais continuam atrás das grades aguardando JUSTIÇA.  O pedido de prisão (arbitrário, diga-se de passagem) saiu do Grupo Especial de Trabalho Investigativo (Geti) do Ministério Público Estadual; as decretações das prisões e dos mandados de busca e apreensão feitas pela juíza Eliana Ferrari Siviero, da Comarca de Iúna; e o cumprimento dos mandados de prisão e de busca e apreensão, feito pelo superintendente de Polícia do Interior da Polícia Civil, delegado Danilo Bahiense, conforme publicado no Blog de Elimar Cortes. Invadiram literalmente as casas dos renomados policiais militares e afrontaram as suas famílias. Isso jamais será esquecido

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