segunda-feira, 28 de maio de 2012

Polícia Militar do Rio terá um "mega Bope" com 2.600 agentes até 2013


Até dezembro de 2013, a tropa de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro vai passar de pouco mais de 400 integrantes para 2.600 homens e mulheres. Vestidos de preto, policiais das cinco forças especiais da corporação vão formar uma espécie de "mega Bope" (Batalhão de Operações Policiais Especiais), com capacidade para fazer operações por terra, água e ar.

Sob o comando do coronel Hugo Freire, o COE (Comando de Operações Especiais) vai reunir na nova sede, em Ramos, zona norte, o Bope, o Batalhão de Choque, o Batalhão de Ações com Cães, o Grupamento Aeromóvel e o Grupamento Marítimo e Fluvial.

— Hoje nós temos as cinco forças e cada uma tem as suas características. Vamos fazer com que todos se compreendam e passem a operar juntos, a partir da excelência do Bope, que é excelente porque treina muito. Vamos colocar essa doutrina para todo mundo. Imagina todas essas forças operando juntas e com a mesma doutrina... Estamos chamando isso de Força Formidável de Pacificação.

Apesar da união no mesmo terreno, o coronel diz que as cinco unidades serão mantidas e vão ficar em sedes (prédios) diferentes.

— Quanto mais essas estruturas crescem, fica mais difícil manter o controle e a excelência. Por isso, não será um Bope com 2.600 homens. Vamos ampliar o poder de atuação do Bope para todas as forças especiais. Hoje, cada força faz o seu curso específico. A nossa ideia é elaborar produtos de treinamento que congreguem todas as disciplinas para serem cursados por todas as tropas.

O projeto do COE é ambicioso. A construção das sedes de cada unidade e a instalação dos equipamentos necessários para o treinamento e capacitação dos policiais, em uma área de 200 mil m², estão orçadas em R$ 350 milhões. Para Hugo Freire, o objetivo é que o local seja usado para treinar outras unidades de elite do Estado, como a Core (Coordenaria de Recursos Especiais), da Polícia Civil, o GIT (Grupamento de Intervenções Táticas) da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária), além das tropas de elite de outros Estados.

Fim das atividades administrativas

Além da convivência entre as cinco forças, as unidades especiais deixam de fazer atividades administrativas para cuidar apenas das operações policiais. Não haverá mais setores como administração de pessoal (P1), inteligência (P2), organização (P3), logística (P4) e comunicação social (P5), guarda e rancho, por exemplo, o que vai provocar um incremento de aproximadamente 40% no efetivo.

— Além de aumentar a capacidade operacional, o grande passo do COE está na pesquisa. O Bope deixou de ser só uma unidade operacional. Ele pensa e respira a polícia, problematiza academicamente. O Bope traça diagnósticos sobre erros e acertos da polícia sob vários aspectos. A nossa expectativa é que todos os protocolos operacionais da PM, como abordagem e tiro, por exemplo, saiam do Centro de Instrução de Pesquisa do COE.

A previsão é de que o terreno do antigo 24º BIB (Batalhão de Infantaria Blindado), do Exército, também abrigue um escritório de projetos e um núcleo de inteligência, este, aliás, uma das principais novidades do COE.

- Conceitualmente, a inteligência não opera, mas aqui vamos ter um núcleo de inteligência operante. Todo o acervo de conhecimento de narcotráfico, por exemplo, vai migrar para cá. E a partir daqui vamos usar esse conhecimento para operar.

Paz em favelas é o maior desafio

Em 2014, quando o Rio for uma das sedes da Copa do Mundo e a tropa de elite da PM tiver 2.600 homens, as 40 UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) previstas já devem ter sido implantadas, de acordo com as previsões do governo do Estado. Segundo o coronel Hugo Freire, o desafio será manter a paz nas áreas pacificadas.

— O cenário hoje é de pacificação e nós estamos criando uma força de guerra, mas o caminho da pacificação é um caminho de guerra. Após a pacificação, existe uma necessidade de manutenção da área pacificada. Na Tijuca, hoje, o policial não usa mais fuzil porque não é necessário. E esse cenário foi traçado por meio de um estudo do Bope. A zona sul tem um cenário semelhante. Alguns batalhões não têm mais GAT (Grupamento de Ações Táticas). Em vez de um GAT com 16 homens, você ganha oito patrulhas nas ruas.

Outra mudança prevista é uma mudança no perfil do Batalhão de Choque. Geralmente empregados em distúrbios urbanos, os policiais da unidade passarão a ser mais operacionais, a exemplo do cerco que fizeram durante a ocupação da Rocinha, no fim do ano passado. O Choque vai para COE de forma mais enxuta, com 900 homens, sem o GTM (Grupamento Tático de Motociclistas) e sem o Gepe (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios). Até o fim de 2013, a unidade deverá ter 1.200 PMs.

Batalhão vai investir R$ 500 mil na compra de cães

O Bope também vai passar de pouco mais de 400 para 550 integrantes. Assim como os "caveiras", como são conhecidos seus policiais, PMs de todas as outras quatro unidades vão vestir fardas pretas e terão os carros na mesma cor. O que vai diferenciar uma da outra será o símbolo de cada batalhão.

Quem também vai receber investimentos consideráveis é o BAC (Batalhão de Ações com Cães), que vai usar R$ 500 mil na compra de cães. O efetivo de policiais deverá passar dos atuais 160 para 280. A PM pretende adquirir cães de excelência para formar um novo canil com vistas para Copa do Mundo e Olimpíada de 2016. Os animais são usados em localização de cadáveres, de drogas e explosivos.

A presença das forças especiais em Ramos, vizinho ao Complexo da Maré, também vai contribuir para a pacificação da região. Há a previsão de operações frequentes na área já no início de 2014.

— Esse ainda não é o momento, mas antes da pacificação vamos limpar toda esta área da Maré, Jacarezinho, Manguinhos. O que não podemos fazer é ocupar porque não é o nosso objetivo. Também não podemos criar uma expectativa na população. Esse não é o momento para essas operações, mas elas vão acontecer.

Fonte: R7

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