sábado, 23 de abril de 2011

Os Lados da PEC 300


Todos já devem ter escutado o famoso adágio que afirma que “toda unânimidade é burra”, de modo que é mais saudável estarmos sempre à procura de ensinamentosque nos coloquem à frente da complexidade da vida, que nos ensine a refletir e tomar a própria decisão, sem doutrinação imposta ou verdades prontas. É aquela história: “o melhor professor é o que nos ensina a aprender”.
Creio que na área da segurança pública uma figura que tem este talento é Celso Athayde, que em 2010 entrevistei aqui no blog, um dos fundadores da Central Única das Favelas (CUFA), e co-autor de três grandes best-sellers, Falcão – Mulheres e o tráfico, Falcão – Meninos do Tráfico e Cabeça de Porco. Athayde acaba de nos brindar com um texto brilhante em sua coluna no Yahoo, tratando da PEC 300 (sim, caros policiais, os “direitos humanos” também chegam a se preocupar conosco!), dum modo crítico, analítico e reflexivo:
“Normalmente, quando se fala de polícia, é para reclamar. Lógico, apesar de todos acharem importante o trabalho dos policiais, ninguém gosta de ser revistado, parado por eles. Bafômetro então… nem senador gosta. Em geral, a polícia é o nosso saco de pancada. Todo mundo gosta de bater – de longe , claro. Temos razão muitas vezes, e outras nem tanto, mas hoje a ideia não é bater nem elogiar a corporação, mas provocar uma reflexão a respeito das reivindicações que eles têm feito há algum tempo.
Tô falando de uma tal de PEC 300. Lógico que eu não sei profundamente o que é isso, e nem quem são as pessoas que são contra ela, por isso a reflexão é importante. Em um país capitalista, é natural que o objeto central de reivindicações sejam melhores salários para os profissionais terem mais dedicação por suas atividades e ampararem melhor suas famílias. Isso serve pra todo mundo , não seria diferente aqui. Mas o que nós temos com isso? Aí é que eu também quero saber. Depois de pensar um pouco sobre isso, percebi que não se trata somente de aumento de salário para policiais , mas de uma nova ordem, uma reorganização da segurança pública. Sendo assim, seria um problema de todos nós, pois as conseqüências de um novo modelo e de bons salários impactaria diretamente no dia a dia das cidades, na tranqüilidade das instituições.”
Precisamos apoiar e valorizar este esforço de quem muitas vezes é visto como inimigo das polícias, por se dedicar a combater de modo preventivo e solidário, com cidadania e cultura, a incidência da criminalidade. Os míopes enxergam a militância social como uma promiscuidade com o crime, quando na prática estetrabalho tem sido das mais eficientes políticas de segurança pública, embora sem a extensão necessária. Ser estigmatizado e conseguir compreender aqueles que geralmente o estigmatiza é qualidade que poucos possuem.
Parabéns, e obrigado, Celso, pelo esforço e amplitude de visão, nos mostrando os lados e dimensões que uma medida tão necessária como a PEC 300 pode ter. Ou não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário