terça-feira, 4 de outubro de 2011

As Mulheres do BOP - PM Rio de Janeiro


A Revista Marie Clarie publicou traz na sua edição deste mês uma entrevista interessantíssimas com as únicas quatro mulheres lotadas no Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ), a tropa de elite da PM carioca. A Capitã Bianca, a Tenente Marlisa, a Sargento Ana e a Soldado Ana Paula falaram sobre vários assuntos ligados a sua profissão, e como gerenciam esta controversa atividade para uma mulher nas suas vidas pessoais.
Abaixo, alguns trechos da entrevista:
Sargento Ana: “(A missão mais difícil que participei) foi essa dos Bombeiros, aqui no Rio. Em junho, eles fizeram uma manifestação de 13 horas para reivindicar aumento de salário. No meio do processo, arrebentaram os portões, invadiram o quartel e dominaram o pátio central. Havia crianças e mulheres lá e eles usaram mangueiras e marretas para o combate. Nós e a PM entramos com bombas de efeito moral e gás lacrimogênio. Um coronel acabou ferido e 439 manifestantes foram presos. É muito triste entrar em conflito com irmãos de farda”.
Capitão Bianca: “É assim: ‘Chama aquela Fem. Fala com aquela Fem’. Se pararmos para pensar, é discriminador. A gente não vira e diz “chama aquele Masc”. Mas a polícia é fundamentalmente masculina. Somos minoria mesmo”.
Tenente Marlisa: “Para ser Fem é preciso ter força física, persistência e desprendimento. Tem de estar disposta a se adaptar ao meio, a abrir mão da sua vida normal, de civil. A palavra de ordem é versatilidade. Se for cheia de não me toques, não dura. Fui a primeira Fem a fazer o curso do GAM [Grupamento Aéreo e Marítimo, responsável pelo patrulhamento aéreo e marítimo da costa fluminense]. Passei no processo seletivo, dificílimo. E, logo no primeiro dia, o coronel disse que eu tinha de raspar o cabelo. Reclamei que isso não estava escrito em lugar nenhum e disse que não ia cortar. Aí ele me explicou que, para que o meu cabelo não prendesse na corda que vai no helicóptero, eu teria de cortá-lo. Passei um dia pensando nisso e, como queria muito fazer o curso, decidi cortar. A cabeleireira fez um rabo alto e, “pá”, cortou de uma vez só. Chorava tanto no salão, que uma criancinha veio me consolar. “Fica calma, fica.” Doeu. Mas valeu. Fui a primeira colocada do curso e os homens que não entraram disseram, de inveja, que foi um curso de frutinha. É assim mesmo. Mulher na PM tem de provar mais que homem”.
Capitão Bianca: “Não, não fizemos o Curso de Operações Especiais [que dura 14 semanas e forma os caveiras da linha de frente do Bope]. É muito duro para uma mulher, e bem pior do que mostra o filme, física e moralmente. Não podemos dar detalhes, mas acaba sendo incompatível com o perfil feminino. A nossa estrutura não sustenta. Só de armamento são mais ou menos 20 a 25 kg, fora a mochila, o fardamento. Já teve uma Fem da Marinha que se inscreveu no Cat [Curso de Ações Táticas, que dura cinco semanas e é cheio de agachamentos, flexões e outros exercícios puxados], mas não suportou”.
Sargento Ana: “Desistir? Nem pensar. O Bope é a minha segunda casa. Se eu pudesse colocar um coração ao lado da insígnia eu colocaria [risos]. Amo o Bope, amo estar aqui. Entrei há dez anos, mas não vejo o tempo passar. Faltam mais dez anos para eu me aposentar e quero fechar por aqui mesmo.”
Curioso ler sobre a participação de mulheres em uma tropa tradicionalmente repressiva, combatente. Como se vê, as “fem’s” do BOPE possuem seu espaço, sem abdicar e até mesmo potencializando suas características femininas. Quer mais? Leia toda a matéria no site da Marie Claire.

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