domingo, 17 de julho de 2011

Desperdício no Entorno do DF





Roberta Giacomoni17 de julho de 2011 (domingo)

Setenta por cento dos crimes registrados no Estado de Goiás são na região do Entorno do Distrito Federal. O dado é da Força Nacional de Segurança Pública que atua em cinco municípios daquela região (Luziânia, Cidade Ocidental, Novo Gama, Valparaíso e Águas Lindas) há dois meses. Mas o trabalho não tem surtido tanto efeito. O homicídio, principal problema dos moradores, ao invés de diminuir, cresceu. Em maio e junho do ano passado foram registrados 53 assassinatos. No mesmo período deste ano foram 60 mortes.

Ao divulgar o balanço de atuação dos militares nestes dois meses, o Ministério da Justiça deixou de fora o número de homicídios. Já o Gabinete de Segurança Pública do Entorno divulgou. O que comprova que não existe diálogo nem consenso entre as instituições que deveriam trabalhar juntas. Os dados não batem. O Ministério da Justiça vende a imagem de que a criminalidade na região foi resolvida. Mas quem está na linha de frente sabe que não é assim.

É fácil entender porque a Força Nacional não tem ajudado tanto a região. O Entorno recebeu cerca de 100 militares da FN que foram divididos entre operacionais e setor administrativo. Se eles trabalham 24 horas e folgam 72 horas, em média temos por dia 33 militares nas ruas. Se eles atuam nos cinco municípios, são 6,6 militares em cada cidade por dia. Ou seja, no máximo duas viaturas a mais nas ruas.

O custo para manter estes militares é alto. Cada um ganha por mês R$ 5.300,00. O dinheiro é repassado pelo Estado para o Ministério da Justiça. Nestes dois meses de trabalho foram gastos cerca de R$ 1 milhão.

Fica a reflexão. Se o trabalho da Força Nacional é paliativo, não seria melhor investir este dinheiro na polícia local - aumentando efetivo e dando melhores condições de trabalho - que são militares que conhecem a região e não vão embora após um tempo de trabalho? O resultado da Força deixa a desejar para o valor investido.

Nestes dois meses foram abordadas 12.213 pessoas e 1.256 veículos de passeio. Estes números fora de um contexto até impressionam. Mas o resultado final é vergonhoso: 231 gramas de crack, 265 gramas de cocaína e 1,5 quilo de maconha apreendidos e 45 pessoas presas em flagrante. O que dá em média quatro prisões por mês em cada um dos cinco municípios. Seis foragidos recapturados e 6 mandados judiciais cumpridos.

O trabalho da PM e Polícia Civil juntas neste mesmo período os números são bem maiores mesmo com um efetivo menor e menos estrutura.

E Goiás vai gastar ainda mais com a FN. Vinte agentes da Polícia Judiciária - da Força Nacional - vão se juntar ao trabalho para ajudar na conclusão dos mais de 10 mil inquéritos parados na região. Investimento de mais de R$ 100 mil por mês, que poderia ser investido na polícia local.

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