Ser assaltado, estuprada, lesionado ou sofrer qualquer tipo de crime gera prejuízos que vão além da simples perda de algum bem material ou mesmo das possíveis feridas físicas. A dimensão psicológica das vítimas sempre é afetada substancialmente, fazendo com que seus hábitos e rotinas sejam alterados pelo trauma sofrido. Daí a necessidade do trabalho de amenização deste momento, seja pelos policiais que atendem a ocorrência nas ruas, seja pelos policiais de investigação, que colherão informações com a vítima.
Um dos discursos que muitas vezes se ouve entre o senso comum é o que acusa a vítima de ser culpada pelo crime. Sim, quem nunca ouviu frases do tipo “se estivesse em casa e se vestisse com uma roupa decente não tinha sido estuprada!”? Ou então “foi roubado porque quis, se não estivesse falando no celular na rua isso não tinha ocorrido!”?
Naturalmente, existem medidas e posturas que podem prevenir a atuação criminosa de pessoas mal intencionadas, porém, é demais tornar a vítima responsável pela ação delitiva da qual só tirou prejuízos: físicos, psicológicos e materiais, principalmente nos momentos imediatamente posteriores ao crime.
Com a atuação repressiva dominando a prática do policiamento no Brasil, via chamado dos cidadãos através das centrais telefônicas, o mínimo que se pode exigir de nossos policiais é a ponderação e excelência no atendimento pós-crime, já que a polícia costuma ser acionada depois do delito já consumado. O primeiro e absurdo passo para estragar este “feijão com arroz” é posicionar a vítima no lugar de culpada. É tudo que o autor do crime quer.
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