terça-feira, 28 de junho de 2011

A vítima se tornando criminosa


Ser assaltado, estuprada, lesionado ou sofrer qualquer tipo de crime gera prejuízos que vão além da simples perda de algum bem material ou mesmo das possíveis feridas físicas. A dimensão psicológica das vítimas sempre é afetada substancialmente, fazendo com que seus hábitos e rotinas sejam alterados pelo trauma sofrido. Daí a necessidade do trabalho de amenização deste momento, seja pelos policiais que atendem a ocorrência nas ruas, seja pelos policiais de investigação, que colherão informações com a vítima.
Um dos discursos que muitas vezes se ouve entre o senso comum é o que acusa a vítima de ser culpada pelo crime. Sim, quem nunca ouviu frases do tipo “se estivesse em casa e se vestisse com uma roupa decente não tinha sido estuprada!”? Ou então “foi roubado porque quis, se não estivesse falando no celular na rua isso não tinha ocorrido!”?
Naturalmente, existem medidas e posturas que podem prevenir a atuação criminosa de pessoas mal intencionadas, porém, é demais tornar a vítima responsável pela ação delitiva da qual só tirou prejuízos: físicos, psicológicos e materiais, principalmente nos momentos imediatamente posteriores ao crime.
Com a atuação repressiva dominando a prática do policiamento no Brasil, via chamado dos cidadãos através das centrais telefônicas, o mínimo que se pode exigir de nossos policiais é a ponderação e excelência no atendimento pós-crime, já que a polícia costuma ser acionada depois do delito já consumado. O primeiro e absurdo passo para estragar este “feijão com arroz” é posicionar a vítima no lugar de culpada. É tudo que o autor do crime quer.

Autor: Danillo Ferreira

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